terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Que assim sejam...

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.

Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.

Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e aguentem o que há de pior em mim. Para isso, só sendo louco. Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta. não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.

Não quero risos previsíveis nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.

Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice. Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.

Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois os vendo loucos e santos, bobos e serios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que “normalidade”´e uma ilusão imbecil e estéril.”
Oscar Wilde

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Amor Feinho


Eu quero amor feinho.
 
Amor feinho não olha um pro outro.
 
Uma vez encontrado, é igual fé,
não teologa mais.
 
Duro de forte, o amor feinho é magro, doido por sexo
 
E filhos tem os quantos haja.
 
Tudo que não fala, faz.
 
Planta beijo de três cores ao redor da casa
e saudade roxa e branca,
da comum e da dobrada.
 
Amor feinho é bom porque não fica velho.
 
Cuida do essencial; o que brilha nos olhos é o que é:eu sou homem você é mulher.
 
Amor feinho não tem ilusão,
o que ele tem é esperança:
eu quero amor feinho.

Adélia Prado

sábado, 8 de janeiro de 2011

Apagar


Apagar... “Escolha” plausível?

É possível “esquecer que este cara existiu na sua vida”?

Porque este é o conselho da maioria?

Talvez, o que você também me daria

Mas na minha loucura, não faz sentido algum

O que não é bom para mim?

Talvez um dia você perca o medo e se engrandeça

Encontre ao menos algumas palavras e enobreça

Talvez eu esteja além da sua compreensão

E suas palavras, se libertas hoje fossem, não 
encontrariam em mim ressonância

E talvez, você simplesmente saiba disso...

 


Ressonância



Senso comum. O que vem a ser isso afinal?

Não compreendo, o que acho bom no final.

Sumir para desconstruir, ou encarar a realidade para transformar?

Escolho sempre a segunda opção...

Não me esquivo às verdades

O que digo e faço são o que sou... 

Desde o início transparente

Há anos, ouvi isso de alguém não tão próximo assim

Mas só agora posso compreender, me entender

Mas não penso em tentar me esconder

Na verdade, ainda estou refletindo sobre o que fazer

Só sei que cansei de falsas verdades e superficialidade

Esta que infelizmente domina nosso mundo

E sigo na busca, agora intencional

Por sentido, sensibilidade, humanidade

Sinto-me confortada por não estar sozinha nesta jornada         

Encontrei raridades. Por magnetismo, afinidade?

Talvez um acordo pré-selado, em que me dôo e me sustento

Desejo encontrá-las mais e mais...