Unidade...

Só pra variar... conflitos... minhas batalhas internas parecem mais difíceis que qualquer situação com a qual possa me deparar...


Tantas, tantas dúvidas! Sobre as pessoas, sobre mim mesma...


É tão estranho se sentir de um modo e pouco tempo depois esquecer até como foi a sensação...


As vezes nem me reconheço... ou pareço esquecer uma parte de mim... são tantas! Agora, elas me assustam menos... e tento a todo tempo promover que façam as pazes... embora as vezes isso parece inconciliável...


Estranho... será que dá para compreender? Tento dar uma chance... a elas.. a todas... não espero que nenhuma se sobressaia, apenas que se entendem, se conciliem... e que juntas encontrem a integridade...


Há uma parte que desde ontem voltou a chorar... emotiva...torce para que resista a tanta turbulência... ela ainda tem desejos que as outras deixaram pra trás... sonha com as ilusões que para as outras de certo não existem...


Outra tenta... dá uma chance para experienciar... cada dia uma novidade... um novo encontro... uma nova personalidade... e se esforça para conhecer, aceitar, se encantar com a diversidade que se apresenta diante de si... 


Há também aquela parte impulsiva (esta que ouvi quase como uma "acusação" de minha personalidade recentemente)... "que não mede muito as consequências", diriam as outras, mas que na verdade apenas perdeu o medo de ser julgada, e na sua intensidade mostra inteiramente o que sente...


A primeira as vezes, quer reclusão... as vezes quer fugir... para longe, bem longe ou mesmo para dentro de si... o que para ela as vezes, parece o mais longe que pode ir... frequentemente se pergunta se vai resisitir e o que ainda a espera...


Enquanto isso a segunda lhe desautoriza e lhe lança em novos horizontes... como não há nehuma garantia, a primeira sente que será lançada à própria sorte e que de certo, poderá ferir-se, machucar-se muito...


Em meio a este conflito, a terceira muitas vezes "explode"... grita ao mundo e deixa de se importar com as reações... parece tão corajosa... diz tudo que pensa e quase sempre a interpretação de suas ações e sentimentos não corresponde ao que ela estava tentando demonstrar... as outras não entendem bem porque ela ainda age assim... mas ela sempre se defende dizendo que prefere isso não ser autêntica consigo mesma... 


E eu em meio a tudo isso, apenas desejo que elas não rompam... e ao mesmo tempo não se oprimam... que possam ser tudo isso, cada uma a seu modo, que se aceitem... e vivam todas suas experiências e sentimentos ao máximo... e ainda assim possam ser uma unidade... apenas humana! 

Conhecer...

É... constatando mesmo que para ser ouvida, preciso de ouvidos dispostos a ouvir...


Como é difícil encontrá-los...


Para conhecer o outro é preciso querer conhecê-lo... Por mais simples que isso possa parecer, hoje sei o quanto é complexo e difícil...

Afinal estamos sempre enxergando o outro pelas nossas próprias lentes... e provavelmente isso nunca deixará de ser verdade... mas compreendendo isso, me esforço para tentar ver pela outra lente...

Mas o outro precisa querer se fazer conhecer... se mostrar... ou algo neste sentido...

E isso também parece cada vez mais difícil...

Sinto o mundo com cada vez mais barreiras... as pessoas cada vez mais "protegidas", ou tentando se proteger...

O que está havendo conosco? O que está havendo como mundo?

Cada vez mais nos permitimos viver em função de nossos medos... perdendo a autenticidade... e a voz...

Ao mesmo tempo... fico feliz ao sentir que muitos estão insatisfeitos...

Embora a maioria não reconheça com o quê... o fato é que estão incomodados...

E assim também, me sinto menos só... ou sinto que, ao menos, minhas idéias tem companhia...

Tanto tesouro dentro cada um , de mim, de todos... e cada vez mais inacessível...

Seria tão bom poder partilhar-nos completamente! Será que algum dia será possível? Um movimento de retorno a simplicidade e ingenuidade... a infância...

Já me sinto capaz de aceitar os sentimentos... mas como fazer as pessoas enxergarem isso? Pois sei que não é um movimento a que muitos se dispõe...

Mas eu estou me dispondo... quero me dispor cada dia mais... e sofrer cada dia menos por isso...

Porque não é uma escolha fácil... de consequências muitas vezes imprevisíveis... muito menos uma atitude "simples"... mas honesta e por  isso desejo persegui-la...

Nâo posso me mostrar, se o outro não quiser ver-me...

Percebo que buscar alguém que queira nos enxergar talvez seja esforço em vão... algumas pessoas simplesmente não estão dispostas... outras estão sedentas... como eu...

Não sei se há algo que possa ser feito para encontrá-las... ou se simplesmente devo esperar elas sugirem em minha vida... porque todas em que consigo pensar... acabaram me sendo ofertadas assim...

Talvez este não seja o momento... talvez eu deva descansar um pouco...

Entretanto, a frase "O outro precisa merecer saber o que você pensa e sente", longe de ser de minha autoria... embora em certos momentos me conforte, também me agonia...

Porque mesmo olhando para os lados e enxergando estes outros... apesar de me sentir imensamente grata, infelizmente ainda não sinto ser suficiente...

"Bastar-me a mim mesma" me soa hoje como egoísmo... algum que sinto ter cultivado por muito tempo...

Talvez esteja confundindo tudo... quem sabe? A única coisa que sei é que hoje me sinto assim...